quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Feinho, feinho...

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F. Botero. Um casal. 1995. Óleo sobre tela; 117x96cm.



Mais uma vez, Adélia Prado


Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quanto haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
 o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho.



(Adélia Prado, "Amor feinho", in Bagagem)

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