terça-feira, 24 de abril de 2012

aonde

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N o c é u a z u l n u v e n s n u a s
No teu olhar céus febris
P a s s o s m a i o r e s q u e a s r u a s
C a n ç õ e s q u e e u n u n c a f i z
(...)

P r a o n d e f o r e s e u v o u
Aonde  flores  eu  fujo
T e d o u m e u p o e m a s u j o
q u e e u n ã o s e i f a z e r t o a d a
M e n o s q u e s e q u e r é t u d o
T u d o q u e s e t e m é n a d a

(Zeca Baleiro, Trova)

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segunda-feira, 16 de abril de 2012

apenas

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a árvore é um poema
não está ali
para que valha  a pena

está lá
ao vento porque trema
ao sol porque crema
à lua porque diadema

está apenas


(Leminski)


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terça-feira, 3 de abril de 2012

beabá

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(fotografia da net, retrabalhada por mim)

Eu me cubro com o A da palavra farpada
eu me cubro com o A que traslada
(e a memória é a ignição de uma idéia
sobre dunas de pólvora).

Eu me deito na décima-terceira casa, 
eu me deito sob a letra de mãos dadas
M: escondo entre escombros
o sentimento que sobra.

Isto, sim, me comove,
o anel, quando soa
e engloba, envelopa, 
remove a pessoa 
- letra O, de vertigem e pó,
que soçobra.

Eis o despenhadeiro,
gargalo da fera,
eis o R que trai, apunhala, 
desterra - eis o último tiro
sem margem de manobra.




(Cláudia Roquette, 
Margem de manobra)

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