sábado, 5 de fevereiro de 2011

Appassiamo

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Vincent Van Gogh. Rosas num pote de vidro. 1886.
Óleo sobre tela. Amsterdã, Museu Van Gogh




Adoro a sonoridade da língua italiana. Em muitos momentos, meu cérebro (que reage evidentemente em português) tem a impressão de estar ouvindo um português enviesado, como se as palavras tivessem trocado de categoria entre si ou fossem alteradas por uma vozinha infantil aprendendo a conjugar verbos - a dificuldade dos pretéritos... Pensar em outra língua é um caminho bem mais longo... O bom é que permite uns desvios pra fantasia, apesar de possibilitar também uns enganos perigosos. Appassiamo, por exemplo, do verbo appassire, que intitula esta postagem, soa como um lindo convite imperativo à paixão - algo como 'apaixonemo-nos' - enquanto é só uma constatação, e das mais tristes (se a palavra for empregada no sentido conotativo), daquilo que bem poderia ser o oposto da paixão. E me soa como uma verdadeira pancada a conjugação da 1a pessoa do singular:


IO APPASSISCO
(eu murcho, feneço)

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