sábado, 22 de janeiro de 2011

Da casa de argila




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Um trechinho revirado de uma significativa casinha de argila nada metafórica



Sou artista, pintor. Desenho imagens.
Nenhuma se compara a teu fulgor.
Sei criar mil fantasmas, dar-lhes vida.
Mas se vejo teu rosto, dou-lhes fogo!

Serves teu vinho ao ébrio na taberna
e abates toda casa que construo.
Nossa alma em ti se dissolve:
água na água, vinho no vinho.

Sinto teu perfume.
Cada gota de meu sangue te implora:
"faz-me teu par, dê-me tua cor!"
Sofre minha alma na casa de argila.


Entra, amado, senão hei de partir!




do poeta afegão Jalal al-Din Al Rûmî (1207-1273),
tradução de Marco Lucchesi,
in A sombra do amado



***


2 comentários:

  1. Ay mi, dame de valour que j´aim et desir,
    De vous me vient la doulour qui me fait languir...

    (G.Machaut, c.1300)

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  2. Contemporâneos, e, embora tão distantes no espaço, há ideias muito próximas.

    Que gostoso ler seus comentários aqui! O blog tem muitas visitas, mas os comentários são raros... Fico feliz feliz!
    beijos

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