A etimologia é surpreendente.
Eu, quando menina, fui a versão de saias do Marcelo (o do martelo e do marmelo), renomeando as coisas e querendo mudar o nome de tudo que eu achasse que não se parecia com o nome que tinha. Queria sempre saber a razão de as coisas se chamarem como chamavam. Sempre que conhecia uma pessoa um pouco mais, logo achava uma palavra que lhe coubesse, perfeita. Fazia listas de palavras, que fazia coincidir com listas de cores em milhões de tonalidades que, não por acaso, tomavam nomes de coisas, naturais ou não...
Muito mais tarde, na graduação em artes plásticas, aprendendo a fazer aquelas tabelinhas de cores, passei pra minha lista, me lembro, um 'branco sincero': um branco que não era beeeeeeem branco. Era um branco mais ou menos; branco marfim. O branco que eu conseguia, meio contaminado por idas e vindas do pincel mal lavado. Branco simples. O branco puro puro é puro artifício.
Eu, quando menina, fui a versão de saias do Marcelo (o do martelo e do marmelo), renomeando as coisas e querendo mudar o nome de tudo que eu achasse que não se parecia com o nome que tinha. Queria sempre saber a razão de as coisas se chamarem como chamavam. Sempre que conhecia uma pessoa um pouco mais, logo achava uma palavra que lhe coubesse, perfeita. Fazia listas de palavras, que fazia coincidir com listas de cores em milhões de tonalidades que, não por acaso, tomavam nomes de coisas, naturais ou não...
Muito mais tarde, na graduação em artes plásticas, aprendendo a fazer aquelas tabelinhas de cores, passei pra minha lista, me lembro, um 'branco sincero': um branco que não era beeeeeeem branco. Era um branco mais ou menos; branco marfim. O branco que eu conseguia, meio contaminado por idas e vindas do pincel mal lavado. Branco simples. O branco puro puro é puro artifício.
Pois esses dias, preparando uma aula de história da cerâmica, dei de cara com a etimologia da palavra 'sincero' e tive de ir conferir.
Há controvérsias, mesmo porque parece lenda: 'sincero' viria do latim 'sincerus', composto por 'sine' e 'cera'. Sincero seria então literalmente 'sem cera', sem verniz, "assim como o mel purificado". "Purum sine fuco, et simplex, ut mel sine cera", escreveu Donato a Terêncio.
Se non è vero, è ben trovato, e eu adorei!
Sincero seria, portanto, sem cera, sem verniz, sem brilho, sem máscara, sem maquiagem, sem artifícios que ocultem a própria natureza.
Se fosse uma cor, seria meu branco pintado; se fosse uma flor, a sem-graça margarida, tadinha, que só é simplex demais.
Oi, Amarílis mais Margarida que existe, é sempre um prazer desfrutar suas postagens.
ResponderExcluirAbraço!
Obrigada, anônimo! Abraço pra você também.
ResponderExcluirMuito bom o texto, Amarilis, a língua em suas descobertas quando abrimos a alma e fazemos lindas, livres associações.
ResponderExcluirQueria reencontrar os cadernos de menina, as listas. Ia fazer uma festa!
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