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Odilon Redon. Pimentão e limão sobre toalha branca.
Fim de caso.
Acabou a conversa. Acabou a história.
Vocês podem ver que eles até que ficam bem na foto, que fazem um bonito par verde-amarelo. E nem são tão diferentes assim... Neste universo vastíssimo de muitos reinos e inumeráveis espécies, eles se cruzaram por obra de quem sabe qual desígnio misterioso: têm aproximadamente a mesma conformação, o mesmo tamanho, ocupam o mesmo espaço e se encontraram um belo dia sobre a mesmíssima mesa. Arriscaria dizer que esse verde profundo nasceu pra esse amarelo intenso. Esse verde precisa da pitada de vermelho que só esse amarelo tem; e tudo que esse amarelo quer é o azul que faz desse verde - e apenas esse verde - o que ele é.
Mas o verde se vira de repente e num giro de corpo toma a trilha da oblíqua que indica o movimento. Até o nariz naturalmente empinado ele alinha à diagonal da fuga. Vai-se. Amarelo se atordoa, se desequilibra ligeiramente, apóia-se no esteio da borda bordada (sim, as paralelas da estabilidade), mas perdido...
Agora só suas sombras se seguem, e quase se unem, azul-lilás, no descampado da toalha.
Criaram diferença.
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'Diferente', do latim differentem, é particípio presente do verbo differre, que significa 'separar-se um do outro', 'afastar-se um do outro'. Um do outro. A 'in-diferença ', por sua vez, que pena, não nega esse 'diferente', mas a deferência...
O indiferente às vezes coincide com o diferente, e assim todo os abismos se criam.
O indiferente às vezes coincide com o diferente, e assim todo os abismos se criam.
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Muito bom o texto, Letícia, uma viagem sobre uma imagem, sobre as cores, e a constatação de idas e vindas, de nossa realidade de descobertas e ausências no mundo.
ResponderExcluirAh, as sombras, e só elas, se igualam.
Um abraço.
Obrigada, Fernando. Viagem na imagem é minha especialidade...
ResponderExcluirAbraços