sábado, 9 de abril de 2011

À sombra dos muros

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.A partir de Odilon Redon. Rua em Samois.
1888. Amsterdã, Museu Van Gogh



Hoje, noite de Abril, sem lua,
A minha rua
É outra rua.


Talvez por ser mais que nenhuma escura
E bailar o vento leste
A noite de hoje veste
As coisas conhecidas de aventura.

Uma rua nova destruiu a rua do costume.
Como se sempre nela houvesse este perfume
De vento leste e Primavera,
A sombra dos muros espera

Alguém que ela conhece.
E às vezes, o silêncio estremece
Como se fosse a hora de passar alguém
Que só hoje não vem.


 
(Sophia de Mello Breyner Andresen,
“Noite de abril”, in Obra Poética I )
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