domingo, 21 de março de 2010

In time of daffodils

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Berthe Morisot. Narcisos. 1885. Óleo sobre tela. Coleção privada




In time of daffodils 
e. e. cummings 


in time of daffodils (who know
the goal of living is to grow)
forgetting why, remember how

in time of lilacs who proclaim
the aim of waking is to dream,
remember so (forgetting seem)

in time of roses (who amaze
our now and here with paradise)
forgetting if, remember yes

in time of all sweet things beyond
whatever mind may comprehend,
remember seek (forgetting find)

and in a mystery to be
(when time from time shall set us free)
forgetting me, remember me

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Em tempo de narcisos (que sabem
que o sentido da vida é crescer,
esquecendo  o porquê, recorda o como)

Em tempo de lilases, que anunciam
que a intenção do despertar é sonhar,
recorda o assim (esquecendo o  parece)

Em tempo de rosas (que maravilham
de paraíso nosso aqui e agora,
esquecendo o se, recorda o sim)

Em tempo de todas as doçuras para além
do que quer que a mente possa compreender,
recorda o procurar (esquecendo o encontrar)

E num mistério para acontecer
(quando o tempo do tempo nos desprender)
Esquecendo-me, recorda-me

(minha tradução)






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Narciso (do grego nárkissos) é o nome da flor na qual teria se transformado o belo e indiferente Narciso, segundo as Metamorfoses de Ovídio. O poema de e. e. cummings, no entanto, não alude ao personagem mitológico ou à ideia do extremado amor por si próprio. Em inglês, aliás, a palavra sequer retoma a origem grega que aparece no português, no francês  (narcisse) ou no italiano (narciso). 
Ademais, a flor narciso, que morre no verão e renasce na primavera, pode aludir simbolicamente à própria primavera, ao sono, à morte e à Ressurreição e ainda foi empregada nas represetações marianas por conta de sua semelhança com o lírio. Na China, é sinal de boa sorte no ano novo.
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