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Não, não é um Rothko de verdade, mas é quase. O original:
Sem título. 1954. Óleo sobre tela; 236,2 x 142,7cm. Yale University Art Gallery
Novamente tomo emprestada a poesia de Adélia Prado,
com quem percebo, maravilhada, a afinidade de um certo olhar-sentimento
de pintora, colorista, sobre o mundo, os sentimentos, as palavras.
Sinestesias...
AZUL SOBRE AMARELO,
MARAVILHA E ROXO
Desejo, como quem sente fome ou sede,
um caminho de areia margeado de boninas,
onde só cabem a bicicleta e seu dono.
Desejo, com uma funda saudade
de homem ficado órfão pequenino,
um regaço e o acalanto, a amorosa tenaz de uns dedos
para um forte carinho em minha nuca.
Brotam os matinhos depois da chuva,
brotam os desejos do corpo.
Na alma, o querer de um mundo tão pequeno
como o que tem nas mãos o Menino Jesus de Praga.
(Adélia Prado. "Azul sobre amarelo, maravilha e roxo",
in Bagagem)
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