sábado, 27 de novembro de 2010

Aos náufragos renitentes...

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... porém DESTEMIDOS
- que navegar é preciso e naufragar, inevitável
(mas viver é imperativo)




Caspar David Friedrich. Naufrágio ao luar. c.1825.
Óleo sobre tela; 31,3x42,5cm. Berlim, Nationalgalerie


 
Hoje encontrei dentro de um livro uma velha carta amarelecida,
Rasguei-a sem procurar ao menos saber de quem seria...
Eu tenho um medo
Horrível
A essas marés montantes do passado,
Com suas quilhas afundadas, com
Meus sucessivos cadáveres amarrados aos mastros e gáveas...
Ai de mim,
Ai de ti, ó velho mar profundo,
Eu venho sempre à tona de todos os naufrágios!

 

(Mário Quintana, A carta)
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2 comentários:

  1. Letícia querida,
    gostei muito deste post.
    Os "navios" não foram feitos para permanecerem na segurança do porto... então naufragar pode ser inevitável, mas o imperativo é vir à tona sempre - não é mesmo?
    Saudade de você!
    Beijos


    Fernando Pessoa e Mário Quintana são ótimos.

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  2. Isso mesmo! Adoro este poema! Saudades...
    beijos

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