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Dong Yuan. Mountain Hall. c.934–962.
Nascida de uma tradição cultural espiritualista, a pintura chinesa antiga entendeu e realizou - há mais de um milênio - o que a arte ocidental, enraizada na tradição naturalista clássica também milenar, só veio a absorver e começar a manifestar lá pelo final do século XVIII-início do XIX: que a arte não consiste em espelhar com maior ou menor grau de idealização, mas com destreza técnica, um mundo tangível invariavelmente imperfeito. Um escrito do pintor de paisagens Qing Hao (900-960) fala que arte está em perceber a realidade na junção do material com o espiritual, de forma que o aspecto formal pode se apresentar em qualquer ponto de uma ampla escala de graus de naturalismo e /ou idealização:
"A verossimilhança reproduz os aspectos formais dos objetos, mas não leva em conta o espírito; a verdade se mostra como perfeição na união de espírito e substância. Quem tenta transmitir o espírito por meio do aspecto formal e acaba por representar a mera aparência externa, produzirá uma obra morta” (Escrito sobre a pincelada; citado por F. Panzini. Progettare la natura).
Bada Shanren (Zhu Da; China, 1626-1705). Peixes e rochas. Dinastia Qing. 1699.
nanquim sobre papel; 134,6x60,6cm. Nova York, Metropolitan Museum
À tradicional pintura chinesa embasada nesses princípios
chamou-se shan shui, literalmente "montanhas e águas",
o mesmo termo que em chinês significa
"paisagem".
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