quinta-feira, 29 de setembro de 2011

gauche

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Juliette Aristides. Angel. Óleo sobre madeira; 11 x 8"



Veja se não sou eu este anjo aleijado
que pelo douramento superficial 
evoca adoráveis sonhos. 
Madeira talhada ou metal precioso? 
Apenas plástico - e de rebarbas, 
adorno luzente de árvore natalina. 
Veja se não sou eu este querubim torto 
de despregadas asas 
imobilizadas.
De tanto se debater no desejo do voo, 
cansou-se. 
E agora espera, 
espetado solitário numa parede fria: 
seu único movimento é o do olhar 
à janela invisível que o chama
dia
após
dia 
(quem sabe até o próximo dezembro?)
ao lugar insuspeitado onde rebrilha 
a vida.

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