segunda-feira, 12 de setembro de 2011

pane o tulipani

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B. van der Ast. Tulipa. 1620s. Guache; 31,3x20,2cm. Paris, Institut Néerlandais


"No século XVII, a dilatação dos ambientes geográficos se conjugou ao gosto pelo excêntrico e pelo extravagante, dando lugar a uma verdadeira paixão  por todas as plantas que trouxessem a indistinta atribuição  de exóticas, com a consequência de fazer subir seus preços a cifras insensatas, como aconteceu com as tulipas. Antes do Seiscentos, a família botânica das tulipas era praticamente desconhecida na Europa, tendo sua principal região de origem na Ásia central. Bulbos foram plantados em Topkapi, em Istambul, e ali os embaixadores ocidentais os viram; o botânico Clusius os introduziu nos Países Baixos, onde, em presença de solos arenosos particularmente adequados ao seu cultivo, vingaram com sucesso particular.


Adriaen van der Spelt (1630-1673). Natureza-morta trompe-l'oeil, com flores e cortina. 1658.  
Óleo sobre madeira; 46,5 x 63,9cm. Chicago, Art Institute

  
   Já na primeira década do século XVII, iniciaram-se em torno a Haarlem as primeiras plantações comerciais, em coincidência com o surgimento da moda das espécies estrangeiras. Nos primeiros tempos, a produção concernia a plantas que, como acontece na natureza, produziam flores de uma única cor; mas os cultivadores holandeses, tecnicamente muito avançados, começaram experimentos  de hibridação, obtendo cruzamentos bicolores que apresentavam flamejamentos, matizamentos, modificações provocadas para conferir maior valor à planta. Em breve, a história mudou de hortícola para mercantil: comerciantes de Amsterdã publicaram seus catálogos de bulbos de tulipas, que foram difundidos entre os colecionadores europeus. Pela grande procura, os preços subiram vertiginosamente, enquanto os cultivadores se desafiavam na busca da obtenção de variedades sempre novas: multicoloridas, ou de flores brancas e azuis que imitavam porcelanas chinesas. Ao formar-se uma verdadeira mania, as tulipas floresceram não apenas nos jardins, mas sobre os tecidos, nas decorações da mobília doméstica, nos azulejos das famosas manufaturas cerâmicas de Delft, nas pinturas de tema floral." (Franco Panzini, Progettare la natura; minha tradução)


                                              Ladrilho de cerâmica azul e branca de Delft. Século XVII. 13,3x13,3cm.

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