sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Ínfimos faróis

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Um canto do quarto 15 do Casarão. junho de 2011



Vê: a luz, pela fresta,
estrela magnífica
e doméstica, vem,

acaso e matemática,
morder no copo
a água que dormiu à mesa.

Do corpo amado, da canção, 
de uma romã, de uma manhã qualquer
a lâmpada que se exala

pode não ser a morte da morte
e talvez não mostre a agulha perdida
na sala ou no tempo, mas

infringe, por ínfimo farol
que seja, certos escuros: um canto
do quarto, da dor, do olhar.

Dure apenas um minuto
a gema de um tal ardor,
sol tão pequeno,

há que se acender
em cada mínimo
a força da minúcia.


(Eucanaã Ferraz, in Desassombro)




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2 comentários:

  1. Querida

    Ínfima
    Mínima
    Minúcia
    Estrela
    Magnífica
    e doméstica

    ...a gema de um tal ardor...

    Caramba! É lindo demais, Miúda! Miuçalha da melhor. E as fotos!... e as fotos...

    Certinho o jeito de infringir certos escuros. Revelar certos segredos.

    Beijinho

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  2. Obrigada, querido, mas o mérito é do autor do Eucanaã Ferraz. Beijinho

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