terça-feira, 15 de maio de 2012

Nudez

.
.
Amedeo Modigliani. Nu reclinado - grande nu. c.1919. óleo sobre tela; 72,4 x 116,5 cm. Nova Iorque, MoMA



Quando estás vestida,
ninguém imagina 
os mundos que escondes
sob as tuas roupas.

(Assim, quando é dia,
não temos noção
dos astros que luzem
no profundo céu.

Mas a noite é nua
e, nua na noite,
palpitam teus mundos
e os mundos da noite.

Brilham teus joelhos.
Brilha o teu umbigo.
Brilha toda a tua
lira abdominal.

Teus seios exíguos
- como na rijeza 
do tronco robusto
dois frutos pequenos -

Brilham.) Ah teus seios!
Teus duros mamilos!
Teu dorso! Teus flancos!
Ah, tuas espáduas!

Se nua, teus olhos
ficam nus também;
Teu olhar mais longo, 
mais lento, mais líquido.

Então, dentro deles,
bóio, nado, salto,
baixo num mergulho
perpendicular!

Baixo até o mais fundo
do teu ser, lá onde
Me sorri tua alma
nua, nua, nua.


(Nu, Manuel Bandeira)





Nenhum comentário:

Postar um comentário