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Amedeo Modigliani. Nu reclinado - grande nu. c.1919. óleo sobre tela; 72,4 x 116,5 cm. Nova Iorque, MoMA
Quando estás vestida,
ninguém imagina
os mundos que escondes
sob as tuas roupas.
(Assim, quando é dia,
não temos noção
dos astros que luzem
no profundo céu.
Mas a noite é nua
e, nua na noite,
palpitam teus mundos
e os mundos da noite.
Brilham teus joelhos.
Brilha o teu umbigo.
Brilha toda a tua
lira abdominal.
Teus seios exíguos
- como na rijeza
do tronco robusto
dois frutos pequenos -
Brilham.) Ah teus seios!
Teus duros mamilos!
Teu dorso! Teus flancos!
Ah, tuas espáduas!
Se nua, teus olhos
ficam nus também;
Teu olhar mais longo,
mais lento, mais líquido.
Então, dentro deles,
bóio, nado, salto,
baixo num mergulho
perpendicular!
Baixo até o mais fundo
do teu ser, lá onde
Me sorri tua alma
nua, nua, nua.
(Nu, Manuel Bandeira)
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