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A constelação de Escorpião em foto retirada da net
(não sei de quem) e bagunçada por mim
Eu vinha pela estrada de sempre, no cansaço de sempre, quando os poucos carros que cruzaram por mim começaram a sinalizar com os faróis. Qual seria o contratempo daquela vez? Polícia, animais na pista, homens trabalhando...
Depois da curva dos nove ciprestes (que agora são seis porque uma tempestade derrubou três deles no último verão), foi que vi os restos dos carros. Irreconhecíveis. Dois. Batida frontal. Ao lado deles, dois corpos femininos, solitários, se estendiam sem vida sobre o asfalto. Os rostos cobertos ainda assim me fitaram, desfigurados de pavor. Eu vi.
Um pouco mais adiante encontrei-me com elas. Caminhavam vagarosas, tristes, sem dizer palavra. Ia uma atrás da outra pelo arremedo de acostamento tomado pelo capim vermelho brotando (seria abril ou junho?). Perguntei para onde iam. Não me responderam. A da frente apenas me olhou e disse que precisavam mesmo ir, e quanto a mim - me apontou o dedo e os olhos já serenados -, que eu me preparasse, que meu dia estava chegando. A que vinha atrás então completou: "e vai ser sob o signo de escorpião".
Sim, era só mais uma égua da noite.
Ou o meu cansaço.
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