para a minha amiga Elaine,
que sabe que é preciso nunca desistir
de regar as plantinhas
que sabe que é preciso nunca desistir
de regar as plantinhas
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Quem tem gatos em casa sabe o quanto é difícil (ou impossível) manter as plantas inteiras (além dos sofás, das cortinas, tapetes, colchas...). Já tentei inúmeras vezes: compro vasos, planto, rego, cuido e num belíssimo dia encontro as coitadas comidas, viradas, pisadas... É desanimador; tanto, que desisti. Fiquei com uma série de vasos cheios de terra, uma cheflera capenga e meia dúzia de violetas sem flor e igualmente capengas que volta e meia resgato do chão.
As violetas são das minhas plantinhas prediletas, eu acho que por causa da sua simplicidade, pela beleza despretensiosa e variada, pela persistência, nem sei... Sei que me comove encontrá-las no supermercado, tão baratinhas, ou ganhá-las de brinde em qualquer evento. Uma vez ganhei uma, pelo dia das mães, na saída do bandejão da Unicamp. O fato é que as minhas há anos e anos não dão flores, quando muito põem botões que não vingam; vegetam, e eu nem olho mais para elas. É a Amélia quem cuida pacientemente e toda sexta-feira as rega, tira as folhinhas mortas, arruma a terra... Eu olho e penso comigo: inútil.
Mentira.
Esta semana estava eu estendendo roupa na área de serviço quando dei de cara com a incrível obstinação da natureza. Encontrei isso que se vê na fotografia acima: do cantinho ao qual eu a tinha relegado, a minha violeta mais prejudicada - linda, toda pintada, chamuscada de manchinhas roxas - abriu de repente não um botãozinho frouxo, mas uma porção de flores. Parecia me olhar e dizer "tá vendo só do que eu sou capaz, apesar de você?". Lembrei das muitas outras que joguei fora... Sim, tem que regar. Foi meu presente de aniversário, simbólico, humilde e evidentemente muito belo.