sexta-feira, 7 de maio de 2010

As rosas de Adônis


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.Antonio Canova. O adeus de Vênus e Adônis.1794. Mármore.


A rosa é uma flor de muitas evocações simbólicas. Antes de se tornar, por obra do cristianismo, um símbolo da pureza e da virgindade de Maria, ela se vincula, desde a antiguidade clássica, ao amor mítico de Vênus e Adônis. Ela, uma deusa do panteão canônico; ele, um jovem caçador de extraordinária beleza cuja história, bastante remota, seria oriunda do Líbano ou da Síria. De todo modo, é no período helenístico que Adônis vem a tornar-se mais um par amoroso da deusa, certamente por influência da cultura oriental. Numa das versões mais conhecidas da história, eles teriam se apaixonado e sido felizes por um breve espaço de  tempo. Caçador que era, um dia Adônis foi mortalmente ferido na coxa por um javali. Vênus, que conhecia esse destino do amante, havia sempre tentado dissuadi-lo das caçadas, sem sucesso, para atrasar o vaticínio. Era assim que, antes de cada partida para a caça, ela se despedia desolada de seu par, não sabendo se tornaria a revê-lo. Um dia, Adônis de fato não voltou mais. Contam alguns que, do sangue que correu de sua ferida aberta, teriam nascido as rosas vermelhas - ou, há quem diga, as anêmonas. Outros autores narram, em vez disso, que as rosas nasceram das lágrimas da tristeza de Vênus. Assim, as rosas se tornaram símbolo do amor que sobrevive à morte; símbolo de renascimento.        



Antonio Canova. Vênus cororando Adônis. séc XIX.
 Gesso; 145x104x185 cm. Possagno, Gipsoteca Canoviana




As imagem superior é um detalhe da obra em mármore do escultor neoclássico Antonio Canova (1757-1822), considerado o último dos grandes artistas italianos. Quando olho para este detalhe aqui mostrado, do casal que troca olhares e gestos de imensa ternura na despedida, custo a crer na crítica de arte do século XX (sobretudo a partir de Roberto Longhi) que longamente desdenhou esse escultor, tachando-o de "frio" e "cemiterial". Suas obras de mármore polido e forma idealizada, falam, sim, calorosas palavras de pele, de cabelos, de tecidos e, certamente, de amor.



              
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Um comentário:

  1. Não sei se vc vai gostar, se não gostar, pode apagar, mas me suscitou o seguinte essa tua publicação:

    A saliva de Vênus no pênis de Adônis
    incerta procura uma brandura ali
    não vivida
    Como a juventude armada ante a atenuada ciência da idade
    duro
    Adônis ali jaz teso ao olhar da deusa que chora.
    E goza.

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